UNIVERISIDADE DO ESTADO DA BAHIA
CAMPUS X - TEIXEIRA DE FREITAS
DISCIPLINA: Laboratório do Ensino de História V
DISCENTE: Selma Moreira de Queiroz
ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO
Justificativa:
No intuito de conhecer melhor o que há de positivo e negativo ao se elaborar um livro didático, e no propósito de empregar os conhecimentos adquiridos na escolha dos livros, como suporte no exercício de minha profissão, é que farei a análise dessa Coleção para que ao final, possa fazer uma interpretação crítica da mesma.
Princípios Históricos
O autor faz uma observação importante em sua obra a de que os livros didáticos são obtidos através da leitura de outras obras, de outros historiadores. Isso contribui para que o professor possa informar ao aluno que nem sempre o que traz o livro é coerente com a realidade. Embora muitas vezes o professor não passa essas informações ao aluno e este passa a aceitar tudo que o livro informa como se fosse verdade absoluta.
A obra traz alguns traços da historiografia renovada, porém, repleta de imagens e conteúdos muito limitados, não abrindo espaço para que o aluno viaje um pouco mais nos conteúdos para entender melhor o contexto em que aquele assunto se insere.
No texto diz que: as reflexões sobre o texto complementar trazem perguntas que devem ser respondidas sempre de acordo com o que o autor do texto complementar escreveu. Mas também será importante relacionar essas informações com o que foi aprendido no texto principal. Com isso, quer o autor deixar de fora a participação crítica do aluno?Seria bom nesse momento que o aluno já inserisse seu senso crítico nas respostas. Entretanto as questões acerca da reflexão crítica só vão aparecer ao final do capítulo e de forma bem sucinta. Acreditamos que se houvesse mais riqueza dessas reflexões durante a exibição do conteúdo, ou seja, se essas críticas já fossem sendo feitas ao longo da explicação dos assuntos, elas fluiriam mais e exploraria a autonomia critica do aluno.
Uma vez que isso não acontece dessa forma no livro, cabe ao professor interferir constantemente durante a exposição do assunto de forma que o aluno vá construindo autonomia crítica a fim de contribuir para provocar mudanças na sociedade em que vive.
Quando o autor propõe os exercícios de revisão como guia de estudo e como forma de evitar a decoreba, não vejo necessidade de se discutir 20 questões, por exemplo, como aparecem no livro. E muitas delas, remetem à decoreba sim. Ex: Quais foram as duas revoluções que aconteceram em 1917? Qual delas derrubou o tzar Nicolau II e instaurou o Governo Provisório? Além de trazer um estilo tradicional de ser, a questão entra em contradição com a idéia do autor de não decorar data.
Embora o autor no início do livro pregue tanto a questão de interpretação, problematização, não é o que faz realmente no decorrer dos textos. Parte quase sempre
de um problema solto, ou seja, sem fazer as devidas argumentações para que os alunos pensem por conta própria. Um exemplo bem significativo é o capítulo que trata da República Velha. Observe o início: no dia 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca vestiu a farda em cima do pijama, montou em seu cavalo e atravessou a rua para proclamar a República. Tudo bem, o professor pode até saber fazer os recortes para que essa brincadeira se torne significativa ao senso crítico do aluno. Mas e se o professor não souber fazer o recorte temporal? Será que o aluno está mesmo inteirado sobre o que realmente levou o Marechal a proclamar a República?
O livro traz pequeníssimas sínteses sobre o que os alunos estudaram anteriormente, porém, não acredito que o professor tenha interesse de revisar tudo que foi ensinado. Se é que foi, por que as escolas públicas quase sempre encerram o ano coma a metade dos conteúdos trabalhados porque nunca dá tempo.
Quanto aos conhecimentos históricos o livro deixa muito a desejar, tanto nas transformações sócio-culturais e de vivências sociais, como nas percepções de permanências, conforme já mencionei um pouco no início desse texto.
As reflexões críticas que, como já dissemos, aparecem no final do capítulo, são talvez, as únicas alternativas para que o professor trabalhe as abordagens de transformações e permanências, já que os textos complementares são quase que insuficientes.
O autor relata que o livro foi escrito tomando como base os Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs e que muitas das propostas do PCN já eram posições ratificadas por ele, para o estudo da História, principalmente nas abordagens teóricas que problematizam a realidade social e identificam a participação ativa de pessoas comuns na construção da História. Porém o tempo, e o espaço são pouco trabalhados no livro e se o professor não utilizar outros artifícios, fica difícil articular isso.
Importante se pensar na sigla PCN Parâmetros Curriculares Nacionais lembrando que se é nacional, implica em que traz uma forma de ensino para todos e que, portanto, deve ser visto com cautela, nas suas entrelinhas antes de fazer inferência a esta ou aquela cultura.
Outro aspecto muito interessante é quando ele diz que, para o aluno se interessar por História é preciso seduzi-lo e os recursos são a inteligência, a beleza e a amizade. Para tratar do termo beleza aparecem as imagens que são em número bem elevado. O perigo está exatamente em o aluno ao se seduzir pela beleza da imagem e não souber explorá-la, em nada contribuir para o aprendizado, restando apenas à imagem o papel de embelezar o livro.
Num dos capítulos deste volume, o capítulo 12, aborda sobre a descolonização da África, porém, nem chega a tratar no capítulo todo. Apenas em um terço do capítulo, porque o restante fala sobre a Ásia. Veja que falamos descolonização. O aluno sequer compreende o processo de colonização e se teve alguma noção nas séries anteriores foi buscado pelo professor em outras fontes, porque a coleção não fornece esse conteúdo.
Alguns conceitos e noções são dados nos textos complementares e nas reflexões críticas, apenas algumas colocações, que pouco ou nada contribuirão para enriquecer o desenvolvimento do vocabulário. Os fatos históricos apresentam-se no índice de forma bem linear e corresponde aos textos apresentados no livro.
Ao final do manual do professor estão as bibliografias comentadas, fazendo o uso de abreviaturas e outras convenções. Nas obras Gerais de História estão inseridas as fontes incluindo uma diversidade de autores como KOWARICK, Lúcio, CASTRO, Hebe M. Mattos, CARDOSO, Ciro Flamarion, CHALHOUB, Sidney, FAUSTO, Boris etc.
Encontramos também no manual – Os créditos onde constam abreviações para identificar as imagens. As imagens fogem um pouco àquele esquema tradicional de um herói e uma legenda embaixo com o nome dele. Elas chamam mais atenção para detalhes, inclusive para assuntos do cotidiano. Aparecem também charges, mapas, legendas,o que possibilita ao professor trabalhar a interdisciplinaridade, inclusive em matemática.
Princípios pedagógicos
(Livro do aluno e manual do Professor)
Os objetivos e propostas do autor deste livro estão bem coerentes em relação ao que se espera do ensino nos dias atuais. Porém, as metodologias e estratégias utilizadas não conferem tão bem com o que foi proposto na coleção como um todo. A visão crítica dos conteúdos e a inserção das pessoas como consciência de transformações sociais, estão aquém do que se espera da obra. Os textos são muito curtos, não contêm recortes e só ao final do capítulo é que se vai refletir num pouco sobre o que foi estudado.
O livro propõe a ruptura com a “decoreba”. Pensamos que as atividades de revisão não satisfazem à proposta. São perguntas longas, de difícil compreensão do aluno e as que são curtas exigem pouco raciocínio crítico e não possibilita liberdade para que ele possa estender suas idéias à realidade social.
Os textos complementares aparecem um em cada capítulo, o que acreditamos ser muito pouco. Deveria haver menos imagem para dar lugar a um maior número de textos complementares.
As atividades e exercícios deveriam ser mais diversificados, consta apenas de exercícios de revisão e reflexão crítica. Não observamos nenhuma sugestão de filmes, nem passeios, palestras, entrevistas, dentre outras atividades que poderiam auxiliar o professor. Uns fatos que nos chamaram bastante atenção foi o livro (manual do professor) não traz nem objetivos gerais e específicos claros e nem proposta de avaliação. O que significa dizer que o professor terá que criar seus próprios meios de avaliar sem contar com o auxílio do livro.
Princípios para a construção da cidadania
Embora o livro apresente um número considerável de imagens relativas às classes operárias, sociedade menos favorecida, e até mesmo algumas reflexões críticas acerca das imagens, o que é um grande avanço, nota-se uma deficiência em relação aos textos. Pouco se fala nos negros, nos índios, da vida cotidiana das classes populares, bem como das revoltas populares.
A exemplo disso temos as revoltas ocorridas por ocasião do período Republicano. O livro traz: “Situação difícil, revolta do povo”. A revolta do povo, nesse período, está expressa em apenas nove linhas. Ao lado, há uma fotografia de criança operária, mas nada fala dela. Deveria discutir um pouco sobre a exploração do menor no trabalho. Quando trata da Região Amazônica, no apogeu da borracha, deveria ser bastante explorado, porém, pouco é comentado. As revoltas de Canudos, Contestado, da Chibata trazem pouquíssimo assunto que aborda o tema. Isso significa que a falta ou escassez desses elementos, deixa brecha sim, para a indução a preconceitos.
As imagens e textos da coleção, embora o autor tenha tentado inovar, ainda abordam com mais evidência os fatos e imagens com tendências européias.
É a linguagem desse livro, algo que talvez tenha sido uma das características mais importantes em termos de inovação. O autor dialoga como o aluno. Em contextos quase sempre fora de sua realidade, como aparecem no livro, é importante passar a mensagem de forma clara. Foi o que fez o autor. Isso certamente irá facilitar a interpretação dos textos por parte dos alunos.Daí, a participação da cidadania, tão mencionada nas propostas do autor, deixa uma lacuna muito grande no aprendizado do aluno, até mesmo porque o livro traz essa abordagem basicamente nas reflexões críticas e não no decorrer dos textos.
Sobre a mulher, algumas imagens aparecem nas reflexões críticas, apenas a imagem, porque, algo que informe sobre as lutas e participação da mulher, não é algo contemplado neste livro. Até mesmo na era do rádio nos anos 40 e 50, em que a participação da mulher foi significativa para “debutar” este grande veículo de comunicação da época, a exemplo de Emilinha Borba e Marlene, a mulher foi quase esquecida. Não fosse um pequeno texto que apenas informa o que foi e quem participou da era do rádio, a mulher nem apareceria. Mas nada traz nesse texto a respeito do preconceito sofrido por elas na luta para encontrar um espaço no cenário da música.
Projeto Gráfico
Quanto à editoração, podemos garantir que esta coleção é, talvez, uma das mais bem elaboradas que conhecemos em matéria da hierarquização da estrutura. Os títulos e subtítulos são bem demarcados com legibilidade, correspondendo também à clareza dos textos. As imagens, embora em número elevado, como já dissemos antes, apresenta-se com bastante nitidez e não impede que o verso da folha seja legível.
O sumário deveria ser mais especificado para o aluno poder se orientar melhor. Carece de um pouco mais de especificidade nas páginas onde seriam indicados os subtítulos a fim de que ao retornar para o estudo do capítulo, o aluno saiba qual a página do subtítulo onde ele deve continuar.
No Conjunto da Coleção
Em se tratando das referências bibliográficas vimos que estas aparecem constando do autor, título, editora, data, porém essas referências só aparecem no manual do professor. No livro do aluno aparecem os créditos. Outro detalhe que não aparece no livro do aluno são os textos comentados. Pensamos que seria importante que os alunos também tivessem acesso a estes textos, de maneira que pudessem entender de forma simplificada o que às vezes no texto original não fica tão claro.
Conjunto Visual
Quanto ao conjunto visual há uma forma de organização muito confusa aos olhos dos alunos. Embora as imagens sejam de boa qualidade elas se misturam muito aos textos. Pensamos que ao ler, o aluno poderá desviar um pouco a atenção do texto para ver as imagens. Os textos informativos complementam o recheio das páginas, causando uma tremenda poluição visual. Mas disso já temos conhecimento em outras leituras que o autor nem sempre participa da finalização da obra. As editoras se encarregam, junto com os técnicos em iconografias, pelo trabalho de edição final do livro. Ficando autor e professor a mercê desse caráter mercadológico do livro didático.
Cabe ao professor ao adotar o livro didático, atentar para esses aspectos que foram abordados ao longo do texto, como: legibilidade, qualidade das imagens, organização sumária, aspectos sociais abordados, dentre outros, para que possa comparar com outras coleções, visando a realidade do seu aluno, pretendendo assim adaptar seu livro ao que estiver proposto e de fato for possível de ser trabalhado.
Deve, ao utilizar o LD, procurar fazer recortes nos conteúdos, fazer bastante leitura para se inteirar dos assuntos de forma contundente a fim de poder orientar melhor sua clientela. Também deverá empregar diferentes artifícios em suas aulas como DVD, filmes, revistas, etc., além, disso, trabalhar as imagens antes mesmo de apresentar os conteúdos.
Parecer
Embora a coleção não seja, ou melhor, não traga todas as características ideais para uma educação inovadora, acreditamos que o autor tenha, em alguns aspectos, sido feliz na escolha e dessa forma, o livro será um material auxiliar para o professor, mesmo sendo ineficaz. O professor é quem fará a diferença. Pode o livro ser perfeito, se o professor não o souber utilizar, não servirá como veículo de transformação.
CAMPUS X - TEIXEIRA DE FREITAS
DISCIPLINA: Laboratório do Ensino de História V
DISCENTE: Selma Moreira de Queiroz
ANÁLISE DO LIVRO DIDÁTICO
Justificativa:
No intuito de conhecer melhor o que há de positivo e negativo ao se elaborar um livro didático, e no propósito de empregar os conhecimentos adquiridos na escolha dos livros, como suporte no exercício de minha profissão, é que farei a análise dessa Coleção para que ao final, possa fazer uma interpretação crítica da mesma.
Princípios Históricos
O autor faz uma observação importante em sua obra a de que os livros didáticos são obtidos através da leitura de outras obras, de outros historiadores. Isso contribui para que o professor possa informar ao aluno que nem sempre o que traz o livro é coerente com a realidade. Embora muitas vezes o professor não passa essas informações ao aluno e este passa a aceitar tudo que o livro informa como se fosse verdade absoluta.
A obra traz alguns traços da historiografia renovada, porém, repleta de imagens e conteúdos muito limitados, não abrindo espaço para que o aluno viaje um pouco mais nos conteúdos para entender melhor o contexto em que aquele assunto se insere.
No texto diz que: as reflexões sobre o texto complementar trazem perguntas que devem ser respondidas sempre de acordo com o que o autor do texto complementar escreveu. Mas também será importante relacionar essas informações com o que foi aprendido no texto principal. Com isso, quer o autor deixar de fora a participação crítica do aluno?Seria bom nesse momento que o aluno já inserisse seu senso crítico nas respostas. Entretanto as questões acerca da reflexão crítica só vão aparecer ao final do capítulo e de forma bem sucinta. Acreditamos que se houvesse mais riqueza dessas reflexões durante a exibição do conteúdo, ou seja, se essas críticas já fossem sendo feitas ao longo da explicação dos assuntos, elas fluiriam mais e exploraria a autonomia critica do aluno.
Uma vez que isso não acontece dessa forma no livro, cabe ao professor interferir constantemente durante a exposição do assunto de forma que o aluno vá construindo autonomia crítica a fim de contribuir para provocar mudanças na sociedade em que vive.
Quando o autor propõe os exercícios de revisão como guia de estudo e como forma de evitar a decoreba, não vejo necessidade de se discutir 20 questões, por exemplo, como aparecem no livro. E muitas delas, remetem à decoreba sim. Ex: Quais foram as duas revoluções que aconteceram em 1917? Qual delas derrubou o tzar Nicolau II e instaurou o Governo Provisório? Além de trazer um estilo tradicional de ser, a questão entra em contradição com a idéia do autor de não decorar data.
Embora o autor no início do livro pregue tanto a questão de interpretação, problematização, não é o que faz realmente no decorrer dos textos. Parte quase sempre
de um problema solto, ou seja, sem fazer as devidas argumentações para que os alunos pensem por conta própria. Um exemplo bem significativo é o capítulo que trata da República Velha. Observe o início: no dia 15 de novembro de 1889, o marechal Deodoro da Fonseca vestiu a farda em cima do pijama, montou em seu cavalo e atravessou a rua para proclamar a República. Tudo bem, o professor pode até saber fazer os recortes para que essa brincadeira se torne significativa ao senso crítico do aluno. Mas e se o professor não souber fazer o recorte temporal? Será que o aluno está mesmo inteirado sobre o que realmente levou o Marechal a proclamar a República?
O livro traz pequeníssimas sínteses sobre o que os alunos estudaram anteriormente, porém, não acredito que o professor tenha interesse de revisar tudo que foi ensinado. Se é que foi, por que as escolas públicas quase sempre encerram o ano coma a metade dos conteúdos trabalhados porque nunca dá tempo.
Quanto aos conhecimentos históricos o livro deixa muito a desejar, tanto nas transformações sócio-culturais e de vivências sociais, como nas percepções de permanências, conforme já mencionei um pouco no início desse texto.
As reflexões críticas que, como já dissemos, aparecem no final do capítulo, são talvez, as únicas alternativas para que o professor trabalhe as abordagens de transformações e permanências, já que os textos complementares são quase que insuficientes.
O autor relata que o livro foi escrito tomando como base os Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs e que muitas das propostas do PCN já eram posições ratificadas por ele, para o estudo da História, principalmente nas abordagens teóricas que problematizam a realidade social e identificam a participação ativa de pessoas comuns na construção da História. Porém o tempo, e o espaço são pouco trabalhados no livro e se o professor não utilizar outros artifícios, fica difícil articular isso.
Importante se pensar na sigla PCN Parâmetros Curriculares Nacionais lembrando que se é nacional, implica em que traz uma forma de ensino para todos e que, portanto, deve ser visto com cautela, nas suas entrelinhas antes de fazer inferência a esta ou aquela cultura.
Outro aspecto muito interessante é quando ele diz que, para o aluno se interessar por História é preciso seduzi-lo e os recursos são a inteligência, a beleza e a amizade. Para tratar do termo beleza aparecem as imagens que são em número bem elevado. O perigo está exatamente em o aluno ao se seduzir pela beleza da imagem e não souber explorá-la, em nada contribuir para o aprendizado, restando apenas à imagem o papel de embelezar o livro.
Num dos capítulos deste volume, o capítulo 12, aborda sobre a descolonização da África, porém, nem chega a tratar no capítulo todo. Apenas em um terço do capítulo, porque o restante fala sobre a Ásia. Veja que falamos descolonização. O aluno sequer compreende o processo de colonização e se teve alguma noção nas séries anteriores foi buscado pelo professor em outras fontes, porque a coleção não fornece esse conteúdo.
Alguns conceitos e noções são dados nos textos complementares e nas reflexões críticas, apenas algumas colocações, que pouco ou nada contribuirão para enriquecer o desenvolvimento do vocabulário. Os fatos históricos apresentam-se no índice de forma bem linear e corresponde aos textos apresentados no livro.
Ao final do manual do professor estão as bibliografias comentadas, fazendo o uso de abreviaturas e outras convenções. Nas obras Gerais de História estão inseridas as fontes incluindo uma diversidade de autores como KOWARICK, Lúcio, CASTRO, Hebe M. Mattos, CARDOSO, Ciro Flamarion, CHALHOUB, Sidney, FAUSTO, Boris etc.
Encontramos também no manual – Os créditos onde constam abreviações para identificar as imagens. As imagens fogem um pouco àquele esquema tradicional de um herói e uma legenda embaixo com o nome dele. Elas chamam mais atenção para detalhes, inclusive para assuntos do cotidiano. Aparecem também charges, mapas, legendas,o que possibilita ao professor trabalhar a interdisciplinaridade, inclusive em matemática.
Princípios pedagógicos
(Livro do aluno e manual do Professor)
Os objetivos e propostas do autor deste livro estão bem coerentes em relação ao que se espera do ensino nos dias atuais. Porém, as metodologias e estratégias utilizadas não conferem tão bem com o que foi proposto na coleção como um todo. A visão crítica dos conteúdos e a inserção das pessoas como consciência de transformações sociais, estão aquém do que se espera da obra. Os textos são muito curtos, não contêm recortes e só ao final do capítulo é que se vai refletir num pouco sobre o que foi estudado.
O livro propõe a ruptura com a “decoreba”. Pensamos que as atividades de revisão não satisfazem à proposta. São perguntas longas, de difícil compreensão do aluno e as que são curtas exigem pouco raciocínio crítico e não possibilita liberdade para que ele possa estender suas idéias à realidade social.
Os textos complementares aparecem um em cada capítulo, o que acreditamos ser muito pouco. Deveria haver menos imagem para dar lugar a um maior número de textos complementares.
As atividades e exercícios deveriam ser mais diversificados, consta apenas de exercícios de revisão e reflexão crítica. Não observamos nenhuma sugestão de filmes, nem passeios, palestras, entrevistas, dentre outras atividades que poderiam auxiliar o professor. Uns fatos que nos chamaram bastante atenção foi o livro (manual do professor) não traz nem objetivos gerais e específicos claros e nem proposta de avaliação. O que significa dizer que o professor terá que criar seus próprios meios de avaliar sem contar com o auxílio do livro.
Princípios para a construção da cidadania
Embora o livro apresente um número considerável de imagens relativas às classes operárias, sociedade menos favorecida, e até mesmo algumas reflexões críticas acerca das imagens, o que é um grande avanço, nota-se uma deficiência em relação aos textos. Pouco se fala nos negros, nos índios, da vida cotidiana das classes populares, bem como das revoltas populares.
A exemplo disso temos as revoltas ocorridas por ocasião do período Republicano. O livro traz: “Situação difícil, revolta do povo”. A revolta do povo, nesse período, está expressa em apenas nove linhas. Ao lado, há uma fotografia de criança operária, mas nada fala dela. Deveria discutir um pouco sobre a exploração do menor no trabalho. Quando trata da Região Amazônica, no apogeu da borracha, deveria ser bastante explorado, porém, pouco é comentado. As revoltas de Canudos, Contestado, da Chibata trazem pouquíssimo assunto que aborda o tema. Isso significa que a falta ou escassez desses elementos, deixa brecha sim, para a indução a preconceitos.
As imagens e textos da coleção, embora o autor tenha tentado inovar, ainda abordam com mais evidência os fatos e imagens com tendências européias.
É a linguagem desse livro, algo que talvez tenha sido uma das características mais importantes em termos de inovação. O autor dialoga como o aluno. Em contextos quase sempre fora de sua realidade, como aparecem no livro, é importante passar a mensagem de forma clara. Foi o que fez o autor. Isso certamente irá facilitar a interpretação dos textos por parte dos alunos.Daí, a participação da cidadania, tão mencionada nas propostas do autor, deixa uma lacuna muito grande no aprendizado do aluno, até mesmo porque o livro traz essa abordagem basicamente nas reflexões críticas e não no decorrer dos textos.
Sobre a mulher, algumas imagens aparecem nas reflexões críticas, apenas a imagem, porque, algo que informe sobre as lutas e participação da mulher, não é algo contemplado neste livro. Até mesmo na era do rádio nos anos 40 e 50, em que a participação da mulher foi significativa para “debutar” este grande veículo de comunicação da época, a exemplo de Emilinha Borba e Marlene, a mulher foi quase esquecida. Não fosse um pequeno texto que apenas informa o que foi e quem participou da era do rádio, a mulher nem apareceria. Mas nada traz nesse texto a respeito do preconceito sofrido por elas na luta para encontrar um espaço no cenário da música.
Projeto Gráfico
Quanto à editoração, podemos garantir que esta coleção é, talvez, uma das mais bem elaboradas que conhecemos em matéria da hierarquização da estrutura. Os títulos e subtítulos são bem demarcados com legibilidade, correspondendo também à clareza dos textos. As imagens, embora em número elevado, como já dissemos antes, apresenta-se com bastante nitidez e não impede que o verso da folha seja legível.
O sumário deveria ser mais especificado para o aluno poder se orientar melhor. Carece de um pouco mais de especificidade nas páginas onde seriam indicados os subtítulos a fim de que ao retornar para o estudo do capítulo, o aluno saiba qual a página do subtítulo onde ele deve continuar.
No Conjunto da Coleção
Em se tratando das referências bibliográficas vimos que estas aparecem constando do autor, título, editora, data, porém essas referências só aparecem no manual do professor. No livro do aluno aparecem os créditos. Outro detalhe que não aparece no livro do aluno são os textos comentados. Pensamos que seria importante que os alunos também tivessem acesso a estes textos, de maneira que pudessem entender de forma simplificada o que às vezes no texto original não fica tão claro.
Conjunto Visual
Quanto ao conjunto visual há uma forma de organização muito confusa aos olhos dos alunos. Embora as imagens sejam de boa qualidade elas se misturam muito aos textos. Pensamos que ao ler, o aluno poderá desviar um pouco a atenção do texto para ver as imagens. Os textos informativos complementam o recheio das páginas, causando uma tremenda poluição visual. Mas disso já temos conhecimento em outras leituras que o autor nem sempre participa da finalização da obra. As editoras se encarregam, junto com os técnicos em iconografias, pelo trabalho de edição final do livro. Ficando autor e professor a mercê desse caráter mercadológico do livro didático.
Cabe ao professor ao adotar o livro didático, atentar para esses aspectos que foram abordados ao longo do texto, como: legibilidade, qualidade das imagens, organização sumária, aspectos sociais abordados, dentre outros, para que possa comparar com outras coleções, visando a realidade do seu aluno, pretendendo assim adaptar seu livro ao que estiver proposto e de fato for possível de ser trabalhado.
Deve, ao utilizar o LD, procurar fazer recortes nos conteúdos, fazer bastante leitura para se inteirar dos assuntos de forma contundente a fim de poder orientar melhor sua clientela. Também deverá empregar diferentes artifícios em suas aulas como DVD, filmes, revistas, etc., além, disso, trabalhar as imagens antes mesmo de apresentar os conteúdos.
Parecer
Embora a coleção não seja, ou melhor, não traga todas as características ideais para uma educação inovadora, acreditamos que o autor tenha, em alguns aspectos, sido feliz na escolha e dessa forma, o livro será um material auxiliar para o professor, mesmo sendo ineficaz. O professor é quem fará a diferença. Pode o livro ser perfeito, se o professor não o souber utilizar, não servirá como veículo de transformação.
REFERÊNCIA: SCHMIDIT, Mário Furley.Nova História Crítica,5/8 séries do Ensino Fundamental.Ed.Nova Geração,2001.