quarta-feira, 30 de junho de 2010

Em nenhum momento, o Führer e seus seguidores deixaram por escrito a decisão de eliminar os judeus

As raízes do mal
A primeira vez que Hitler falou publicamente sobre uma conexão entre a guerra e o genocídio dos judeus foi em 30 de janeiro de 1939.Na ocasião, discursando para outros políticos,ele anunciou que, caso acontecesse um conflito mundial " a consequência (...) seria a anuquilação da raça judaica na Europa". Em outras palavras, o Führer queria dizer que, se a força ocidental resistissekm à expansão alemã, ele transformaria os judeus do leste europeu em seus reféns.
Depois da invasão da Poplônia pelas tropas alemãs, em setembro de 1939, a ameaça de Hitler começou a ganhar contornos assustadoramente reais.A primeira providência dos nazistas foi criar " reservas para abrigar os judeus", primeiro no leste polonês e, logo depois, na ilha africana de Madagascar.Em 1941, Hitler e seus seguidores mais próximos passaram a trabalhar a possibilidade de, em breve, poder deportar os judeus para os territórios soviéticos conquistados.
Por trás de todos esses planos, pairava no ar a idéia da " aniquilação"- uma real predisposição para matar os seres humanos deportados.Imediatamente após a Alemanha invadir os primeiros territórios soviéticos, em junho de 1941, algumas unidades militares alemãs, chamadas de Einsatzgruppen, em conjunto com outras unidades da polícia e da SS, começaram a assasssinar um grande número de judeus nas áreas recém - ocupadas.
As ações foram se intensificando gradualmente: primeiro, foram mortos os chefes de famílias; em seguida, os rapazes em idade adequada para o serviço militar; logo depois os idosos, mulheres e crianças.No final de 1941, as Einsatzgruppen já tinham matado perto de meio milhão de judeus.Hitler era mantido a par de tudo: por meio de relatórios detalhados que recebia regularmente, ele podia contabilizar cada um desses assassinatos.
Uma reconstrução precisa mostra que algumas unidades realizavam assassinatos indiscriminados já em julho ou agosto de 1941, ao passo que outras só começariam mais para o fim do ano..Isso mostra que os comandantes das unidades tinham certa autonomia: eles não estavam simplesmente colocando em ação um plano para assassinar judeus soviéticos, mas sim , seguindo sugestões extremamente abertas.
Até o meio do ano, o destino dos judeus ainda não tinha sido decidido.No dia 31 de julho,Hermann Goering, que desde 1938 assumira a responsabilidade formal de coordenar as " políticas judaicas", autorizou Reinard Heydrich, chefe da polícia de segurança nazista, a executar " todas asa providências necessárias (...) para a solução completa da questão relativa ao judaísmo na área de influência alemã na Europa".
Mas, vale lembrar, alguns documentos indicam claramente que, a essa altura, o que os nazistas compreendiam por " solução completa" ainda era apenas a deportação planejada dos judeus do Reich para o território soviético.E, para que essa estratégia fosse implementada, era preciso, antes de tudo, derrotar a União Soviética.
Em meados de setembro, Hitler deu a ordem de que se iniciassem as deportações para fora da área do Reich, no princípio somente para o gueto de Lodz, na Polônia.Pouco mais tarde, Riga, na Letônia, e Minsk, na Bielorússia, tornaram-se destinos adicionais para essas deportações.
REFERÊNCIA: Revista BBC História, Nazismo, o Terror sem Disfarces. Ano 1,Ed. n1 p.p. (18-19)

sábado, 12 de junho de 2010

ONDE LAMPIÃO SE APAIXONOU

Era primavera de 1929 quando o ousado coronel do sertão, Virgulino Ferreira da Silva, chegou num casebre de taipa, com três cômodos, de onde se veem os belos Picos do Tará.
Acompanhado do fazendeiro e parceiro Odilon Café, ele se apresentava para um dedo de prosa com Zé de Felipe no distante povoado de Malhada de Caiçara, em Paulo Afonso.O intuito era reforçar seu rol de maigos no trajeto dos cangaceiros entre Bahia, Alagoas e Sergipe.
Virgulino já era lampião e conquistava na lábia ou na faca, os moradores dos locais por onde passava.Tudo contra a delação.Era o reinado no cangaço, bando exclusivo para homens. Até então..
Naquela tarde e naquela casa de taipa, o destino do cangaço haveria de mudar.Odilon Café apresentou Lampião à sua sobrinha Maria Gomes de Oliveira, segunda filha de Dona Déa e Zé de Flipe.
A filha do casal era conheciida como Maria de Déa.Tinha então 18 anos, era casada, mas havia brigado com o marido.Sua beleza amoleceu o temido Lampião e o fez levá-la à tiracolo para amenizar as durezas da batalha na caatinga.O coração fez o chefe romper asa regras,e,a partir dali, as mulheres começaram a integrar o bando sob a batuta de Maria Bonita.
A partir daquele ano, eles seguiram errantes pelo Nordeste por uma década, até suas cabeças serem expostas nas escadarias da Prefeitura de Piranhas, Alagoas, em 28 de julho de 1938.
Parte dessa história seria muito menos palpável se a casa onde Lampião e sua amada se conheceram- e onde a Rainha do Cangaço nascera- não tivesse sido totalmente recuperada.Deve o feito ao esforço do escritor João de Souza Lima.
Morador de Paulo Afonso e fanático pelo tema, João encontrou o casebre totalmente destruído.Restavam as estacas erguidas.Conseguiu apoio do poder público local e fez a reconstituição com ajuda das pessoas que conheciam o imóvel.
Para visitá-la ,basta viajar 40 quilômetros desde Paulo Afonso, em estrada de terra, e pagar R$2 pela entrada.
Texto:Vitor Rocha vrocha@grupoatarde.com.br